16 de agosto de 2014 –
Resolvemos esperar na parada de ônibus a ver se algum ônibus nos levava até Punta Peña onde tínhamos uma pessoa que ia nos receber.
Depois de uns minutos esperando o ônibus, Quique resolveu pedir carona e na primeira tentativa já conseguimos. Era um casal de americanos super amável que estava de férias pelo Panamá e tinha alugado uma camionete para recorrer a região, Josh e Michelle.
Colocamos as bicicletas na parte de trás e partimos para cruzar a Cordilheira Central, local onde se dividia as província de Chiriqui e Bocas del Toro. O caminho realmente não era para qualquer um: muitas subidas, alta velocidade, caminhões, precipícios e pouco espaço para a bicicleta. A viagem foi bem agradável, viemos conversando bastante e conhecendo esta parte da região.
Depois de mais ou menos uma hora chegamos a Punta Peña, onde supostamente Charlie estaria nos esperando para nos hospedar. Nos despedimos de Josh e Michelle e fomos procurar pelo nosso anfitrião. Era um contato do warmshowers (uma rede social que aloja cicloviajantes por todo mundo.), e tinha avisado que estava de viagem e voltaria as 16h, e se caso chegássemos antes podíamos esperar em seu amigo Dikky que tinha um armazém perto de sua casa.
Aí ficamos algumas horas na espera, sempre acompanhados de Nayrobi, a filha de Dikky que tem uns 7 anos. E que guria esperta e comunicativa ! Nos contava histórias, fazia perguntas e respondia sempre com uma maneira peculiar, parecendo ser adulta mas nunca deixando de ter a ternura de uma criança.
Eram 19h e nada de sinal de Charlie, até que conseguimos chama-lo e nos inteiramos que teve uns problemas na viagem e não voltaria para casa nos próximos dias. Dikky disse que podíamos colocar a barraca na casa de Charlie que não teria problema, mas quando chegamos para ver onde ficaríamos foi um filme de terror : um lugar sem luz, sem água, cheio de máquinas velhas empoeiradas, materiais de construção e ao lado um bar muito suspeito. Dissemos que não tinha condições e que veríamos outro lado para ficar, aí foi que eles disse que podíamos deixar as bicicletas no armazém, usar o banheiro e dormir em um quartinho em sua casa.
No outro dia cedinho já partimos rumo a Almirante, seriam 70 km em uma estrada que não tínhamos ideia de como seria. Segundo um senhor local, era tranquilo. Ele mesmo já tinha feito em 3horas em bicicleta.
No começo tudo lindo, muito verde, muitas plantações de bananas, pouco sol e sem muito movimento na estrada.
Mas depois de umas horinhas a coisa foi complicando: começaram as subidas, a fome, a falta de água,a chuva e o cansaço.
A paisagem era muito bonita já que muitas vezes víamos o Mar do Caribe e muitas montanhas ao nosso redor. Mas o problema que não tinha quase povoados por este caminho, assim água e comida eram escassos. Em uma casa ganhamos 4 mamóns chinos e foi a nossa alegria, colocar um doce na boca nas condições que estávamos foi mais que especial.
Faltando 10 km para chegar em Almirante as subidas não paravam, por isso muitas vezes tivemos que descer das bicicletas e caminhar com elas no lado. Mas no final não tínhamos nem força nos braços para carrega-las, já que subida cansa, mas com 36 kg de bagagens nem se fala.
Chegamos em Almirante esgotados depois de 7 horas e pouco pedalando, e resolvemos ter os primeiros luxos da viagem: uma comida em restaurante e um hotel com banho de água quente !
Já em Almirante, saímos de tardezinha pra dar uma volta na cidade e nos surpreendeu o ambiente bem diferente de onde havíamos estado antes no Panamá. A primeira impressão foi estar na Jamaica. A maioria de população de afrodescendente, muitas crianças nas ruas, a música era reggae e se escutava por todo lado. Seria o começo do que veríamos depois em outros lugares na costa do caribe.
Antes de dormir ficamos pensando como o senhor tinha feito este trajeto em 3 horas, ou ele exagerou um pouco ou nós estávamos muito mal preparados!
Deja un comentario